A votação das contas do ex-prefeito de Serra Talhada, Luciano Duque, referente ao exercício de 2019, pode não ocorrer no próximo dia 17 de junho, como era esperado após o adiamento inicial. A informação foi apurada pelo Blog, que acompanha de perto os bastidores da Câmara Municipal.

Duque, que atualmente exerce mandato de deputado estadual, foi notificado sobre a tramitação no dia 3 de junho. Pelo regimento interno da Casa Legislativa, ele teria até 10 dias para apresentar defesa. Com isso, o prazo regimental se encerraria justamente no dia 13, permitindo que a matéria fosse votada no dia 17. No entanto, fontes ligadas ao Legislativo apontam que o processo pode ser novamente adiado, empurrando a decisão para a sessão seguinte, prevista para o dia 24 de junho — cuja realização, inclusive, ainda não está confirmada.

Segundo apurou o Blog, o presidente da Câmara, Manoel Enfermeiro, ainda não teria batido o martelo sobre a inclusão ou não da votação na pauta do dia 17. Internamente, comenta-se que o assunto ainda depende de um “acerto político” com a prefeita Márcia Conrado. Procurada, a assessoria da Casa não confirmou se haverá ou não sessão no dia 24, considerando os festejos juninos.

As contas de Duque foram aprovadas com ressalvas pelo Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), após seis sessões e com voto divergente vencido no colegiado. Após a leitura do parecer no plenário no último dia 20 de maio, o processo foi encaminhado à Comissão de Finanças.

Nos bastidores, a possível nova postergação reacendeu as movimentações políticas em torno da votação, que se tornou uma espécie de “termômetro” do embate entre o grupo do ex-prefeito e a base da prefeita Márcia Conrado.

VOTOS NA CONTA

A reportagem apurou que o ex-prefeito já teria assegurado o apoio de pelo menos sete parlamentares: Antônio de Antenor, Lindomar Diniz, Clênio Melo, André Maio, China Menezes, Antônio Rodrigues e Romero do Carro de Som — este último está licenciado, mas já confirmou retorno ao plenário exclusivamente para votar. Romero reassume o posto temporariamente ocupado por Gin Oliveira e garantiu ao Blog que volta de forma definitiva a partir do dia 20.

Do outro lado, aliados mais próximos da prefeita — Giliard Mendes, Tércio Siqueira, Rosimério de Cuca, Alice Conrado e Juliana Tenório — devem votar contra a aprovação.

No centro das atenções, figuram os chamados “indecisos” ou “na corda bamba”: Jaime Inácio, Pinheiro de São Miguel, Ronaldo de Dja e Zé Raimundo. Esses quatro vereadores são alvo de intensas investidas tanto da oposição quanto da base do governo.

APROVAÇÃO OU REJEIÇÃO

Para manter o parecer do TCE-PE e aprovar as contas, Duque precisa de apenas 6 votos favoráveis. Já para derrubar o parecer e rejeitar as contas do ex-prefeito, o grupo ligado à prefeita Márcia Conrado precisaria reunir, no mínimo, 12 votos — número que, até o momento, parece distante de ser alcançado.

A PALAVRA DE DUQUE

Em conversa com o Blog, o deputado estadual Luciano Duque demonstrou tranquilidade:

— “É só o resto esperar e contar com o bom senso. As contas foram aprovadas [pelo TCE] e sem dolo ou má-fé. Não houve desvio de recurso público. Já teve julgamento do povo e de Deus. Estou aguardando com muita tranquilidade”, declarou.

Enquanto isso, os corredores da Câmara seguem fervilhando, à espera da definição de Manoel Enfermeiro — que, por ora, ainda não sinalizou oficialmente se colocará ou não o processo em pauta no dia 17.